quarta-feira, 1 de agosto de 2012

O nascimento.


Por Carol Ribeiro


Bom, hoje vou contar um caso inusitado que aconteceu comigo no momento do nascimento da minha primeira filha. Na hora passei muito sufoco, mas graças a Deus tudo ocorreu bem e hoje posso dizer que me divirto muito toda vez que me lembro ou conto a alguém essa história.

Quando me casei fui morar em Quaraí-RS e já contei como é a cidade AQUI. Quaraí sendo fronteira com a cidade de Artigas no Uruguai possuía poucos médicos e dentre eles estavam médicos uruguaios no hospital regional da cidade. Nada contra, mas era muito nova, estava tento meu primeiro filho e não entendia nada de espanhol, então resolvi que faria o parto em Alegrete que fica a uns 120 km de distância de lá onde tinha um Hospital Militar.


Fiz todo o meu pré-natal em Alegrete e quando faltava pouco para minha filha nascer, minha mãe veio para me ajudar. Faltava pouco e já não estava mais disposta a esperar, a entrada de Quaraí na época não era asfaltada e toda vez que tinha que viajar era um suplício sair de lá. Bem, o ônibus que minha mãe vinha, chegava a Alegrete numa sexta-feira a noite e nós aproveitamos a manhã para uma última consulta onde eu marquei a cesárea para a próxima segunda-feira (20 de outubro - Aniversário do meu pai). Minha mãe trazia parte do enxoval, já que no interior é tudo mais caro e lá não era diferente, portanto assim que o ônibus chegou partimos para casa (de madrugada mesmo) já que eu estava ansiosa para ver o quartinho pronto e deixar tudo arrumado.

Como tudo acontece na hora que tem que ser e não quando a gente quer, no sábado de manhã desfizemos a mala com as coisas do quartinho, separamos o que deveria ser guardado e chegamos à cortina. Bom, teríamos que sair para comprar o varão e instalar para pendurar as benditas cortinas, então saímos, cruzamos a fronteira para mostrar a minha mãe já que quando o neném nascesse não haveria mais tempo para isso, e de repente senti umas pontadas o que me impossibilitou a descer do carro. Fui logo falando: - Acho bom voltarmos para casa que não estou me sentindo bem. A barriga estava ficando dura e começava a sentir umas dores.

Já em casa, meu marido emergencialmente já acionou o médico do quartel para que ele pudesse verificar o que poderia estar ocorrendo e... Estava na hora, as contrações estavam bem constantes e regulares. Chamaram a ambulância para me levar a Alegrete, onde fui com minha mãe atrás, motorista dirigindo, um enfermeiro do quartel e o médico na hora de entrar disse bem assim: Ah! Não vou. É a primeira gestação dela, então provavelmente ela terá esse neném tarde da noite ou então no dia seguinte. E isso foi por volta de 13h00minhrs. Só que o Doutor não esperava que eu tenho sangue de índio na veia (sim, meu pai é amazonense e me orgulho muito disso) e, como descobri depois, sou uma excelente parideira... Rsrsrs.

Já na ambulância voltamos para Alegrete e digo que nunca pra mim aquela viagem me pareceu tão longa como naquele dia. Imaginem a cena: eu deitada numa maca dura, sentindo contrações passando um calor fora do comum, numa ambulância nada nova e tendo que me segurar para não cair. Minha mãe sentada, coitada, desesperada... Quando a ambulância passa num buraco, ela com o impacto derruba minha mãe que cai e a porta do veículo se abre. Ela tentando se segurar, eu no meio de uma contração não sabia o que fazia... Se gritava, se a segurava, enfim conseguir bater no vidro que separava a parte de trás ao motorista para avisá-lo e ele parar o carro e fechar as portas antes que minha mãe caísse de lá e ficasse para trás no meio da estrada. Imaginem... Depois disso tudo estávamos na metade do caminho, mais ou menos onde se encontrava o serro do Jarau (ponto turístico local), a minha bolsa estourou... Faltava acontecer mais alguma coisa?? Eu no meio da estrada, a caminho do hospital faltando uns 60 km pra chegar e a bolsa estoura! Nem preciso dizer que minha mãe quase teve um infarto e começou a bater no vidro para o motorista andar mais rápido senão não chegaríamos a tempo.

Ao chegar à cidade, acreditem: O motorista NÃO SABIA como se chegava ao hospital e eu não estava em condições de guiá-lo. O moço teve que ir perguntando para pedestres o caminho para conseguir chegar, a sorte que estávamos numa cidade pequena, senão sabe-se lá o que podia ter acontecido. Ao chegar ao lugar fui retirada da ambulância pela maca, pois já não estava em condições nem de descer e fui informada pelo médico que a sala de parto estava trancada e não sabiam onde estava a chave... Acreditam??? É verdade e ainda me pediu que eu não fizesse "força" para a criança não entrar em sofrimento, pois ela já estava encaixada e não tinha nada preparado, apesar de que quando eu saí de casa já avisaram ao hospital que uma paciente em trabalho de parto estava a caminho.

Enfim, Ana Clara nasceu por volta das 16h00minhrs do dia 18 de Outubro, véspera do meu aniversário, saudável e de parto quase natural. Pois segundo meu marido quando ele chegou ao hospital, já que veio em seguida de carro, já perguntaram se ele era o pai e pediram a roupa do neném... E ele: - Já??? Ahh!! Também não posso me esquecer de mencionar que quando a médica pegou a Ana no colo, a primeira coisa que ela perguntou: - Agora vamos ver o que é, já que esse bebê não deu nem um sinal do sexo em nenhuma das ultrassonografias durante o pré-natal.

Nesse ano minha filhota faz nove anos de idade e é sem dúvida o maior presente que Deus me deu.

7 comentários:

Dani Carvalho disse...

Muito emocionante essa história, Carol. Me diverti ao ler mas ainda bem que deu tudo certo e hoje vc pode rir disso... Bjs!

. disse...

Nossa isso que eu chamo de aventura... essas mães, vou te contar... a minha também viajou para ter eu e meu irmão no Hospital da Brigada Militar... Mas não teve todos estes percalços, ainda bem que depois que passa o aperto a gente ri!!! Beijos

Lu Barros disse...

Adorei Carol!!! Que bom que hoje está tudo ótimo!! rsrsr E que sua filha é esse presende de Deus!!! bjos com amor!!!

Kei disse...

Nossa cheguei a me arrepiar lendo..estou seguindo teu blog!

luh disse...

eu to fazendo meu pre-natal em alegrete e moro em quarai,espero não passar por isso,vc é uma guerreira e Deus protegeu vc e sua filha.

Anônimo disse...

Acham que nossa vida é fácil....eis a prova de como somos guerreiras

Anônimo disse...

Nossa isso q é ser guerreira!!!vc é muito forte...que Deus abençoe vc e sua família!!
um abraço!!!

Postar um comentário