Por Paula
Meninas,
esse é um assunto bem extenso e delicado. Então decidi dividi-lo em vááárias
partes, para que vocês acompanhem e saibam como lidar com mais uma dessas
etapas que a nossa vida de esposa nos reserva.
Então...
mãos-a-obra!
Parte 1 –
a notícia da missão e a despedida
Nunca é
fácil se afastar de quem se ama. Mas, como já estamos adaptadas (ou se
adaptando no meu caso, bola pra frente.
A
primeira vez que ouvi algo sobre missão no exterior, ainda estávamos na fase do
namoro. Foi logo que ocorreu aquele terremoto no Haiti, onde muitos morreram,
milhares foram os desabrigados e as cidades, principalmente a capital Porto
Príncipe, ficou em ruínas.
Só pra
conhecimento, a Organização das Nações Unidas (ONU) mantém a missão, denominada
Minustah, no Haiti, desde 30 de abril de 2004, sempre comandadas pelo Exército
Brasileiro.
Quando
houve o terremoto, o Exército começou a formar listas de voluntários para ir
àquele país para auxiliar no trabalho de reconstrução. E muitos militares se
voluntariaram. E foi quando pela primeira vez, me deparei com a possibilidade
de ter meu (até então) namorado, em uma Missão no Exterior.
Só que
sempre tive um espírito voluntário muito aguçado. Durante boa parte da época
que fiz faculdade e até uns anos depois, fiz muito serviço voluntário e
participei ativamente de uma ONG jovem, que auxiliava crianças e idosos. E foi
graças a esse meu espírito voluntário que o encorajei a se alistar. Ele ficou
de pensar. Mas no dia seguinte chegou em casa com a notícia de que tinha se
inscrito. Bah! Na hora foi um baque! Choramos os dois. Foi um mix de medo, com
angústia, com sei lá o que...
Quis Deus
que não fosse dessa vez que ele fosse escolhido para a missão. O tempo passou,
chegou a época da escolha dos lugares para transferência, a transferência em
si, e a notícia. O lugar para onde estávamos indo, tem por rotina, enviar
homens para compor a tropa brasileira no Haiti. Pra mim, até que a coisa se
concretizasse, eu me obriguei a não sofrer. Pra ele, uma sensação de euforia,
afinal o sonho de servir no exterior, de participar de uma missão real, estava
muito próximo.
Chegamos
enfim a São Miguel do Oeste. Logo nos primeiros meses de estadia na cidade, uma
missão. Complexo do Alemão, Rio de Janeiro. Depois da histórica fuga de
traficantes da favela da penha para o Complexo do Alemão, o Exército
Brasileiro, com a ajuda da Marinha e da Polícia carioca, ocuparam a região. E
lá se foi meu marido para essa missão. Mal sabia eu que seria apenas um teste
para o futuro.
Quase 4
meses depois, estava ele de volta. São e salvo. E cheio de esperança, pois na
reta final da missão no Rio, foi anunciado que o quartel iria novamente para o
Haiti, e que dessa vez, ao contrário do que ocorria em outros anos, a missão
seria antecipada, ou seja, com o embarque para o começo do ano seguinte, e
treinamento já iniciado em agosto do ano corrente.
Pronto.
Aí meu coração foi pela boca. Corriam boatos fortíssimos de que ele estava
dentre os que iam. E realmente estava. Treinamentos incessantes, ausências
contínuas fora de casa. Lidar com isso nunca é muito fácil. Mas eu sempre
busquei pensar que se pra mim, que estava em casa, com conforto, segurança,
comida, roupa lavada estava difícil, imagina pra ele, que estava em situações
que a gente bem sabe como é. Então tudo o que eu não queria e não podia fazer,
era reclamar na cabeça dele.
Nessas
horas, minhas caras, vale a ajuda das amigas, da mãe, da família, do cachorro,
e se a coisa apertar, apele sem medo e sem preconceitos, para uma psicóloga. Um
ambiente em ordem faz com que a missão, tanto pra eles, quanto pra nós, passe
mais depressa. E o tempo passou mesmo... Voando!
Final de
maio desse ano (2012), ele embarcou para o Haiti. Vou tentar explicar o que se
sucedeu no antes e nessas primeiras semanas de adaptação.
Antes da
partida, é meio que uma sensação de “vamos aproveitar cada segundo, porque não
sei como vão ser os tempos daqui pra frente”. E é isso mesmo que deve ser
feito. Porque você esquece os problemas, vive intensamente cada momento ao lado
dele. Por falar em problemas, só um aparte aqui, sentem um dia, pelo menos, pra
ver e rever todas as pendências, como casa, carro, colégio das crianças,
faculdade, conta bancária. Afinal ele vai estar longe e a partir do embarque
dele, quem responderá por tudo será você.
Bom, a
despedida, foi como sempre é uma despedida. Regada a choro, saudade e muita,
mas muuuuuita oração, pra que tudo dê certo pra ele lá, e pra mim aqui. E uma
coisa que eu fiz e que me ajudou muito a superar esses primeiros dias de
“solidão”, foi viajar. Fui ver minha família, respirar outros ares, mudar um
pouco a rotina. E foi sensacional.
Ao volta
pra casa, uma semana depois do embarque dele, eu estava menos “deprê”. As
minhas amigas também me deram a maior força no meu retorno. Aproveitei o tempo
“livre” pra reorganizar a casa. Cada dia cuido de um cantinho.
Outro
passatempo é planejar as viagens para visitá-lo quando ele tiver as liberações.
Procuro fotos, dicas, informações de cada cidade que pretendo ir, levanto
preços, orçamentos, e vejo se ficaria viável. Tudo com o pé no chão e sem
viajar na maionese.
Graças a
Deus existe internet. Abençoada seja essa ferramenta que uniu os quatro cantos
do planeta. Sempre que dá, nos vemos por Skype, ou simplesmente trocamos email,
quando a rotina aperta um pouco.
A
saudade...? Ta aqui. Mas a tristeza não vai nunca tomar conta. Estou mesmo é em
contagem regressiva para vê-lo, tão logo ele receba a liberação, que claro, vai
ser motivo de outro post.
Dicas:
-
Prepare-se para a viagem dele. Reúna contas, pendências. Fizemos um documento
em cartório que dá a mim, esposa, plenos poderes para representá-lo em qualquer
ocasião (bancos, Receita Federal, etc.)
- Busque
o equilíbrio. A ajuda de um psicólogo é importante em qualquer hora e fase da
vida. Mas se você nunca teve coragem ou precisava de um empurrãozinho, essa é
uma grande deixa...
-
Aproveite os últimos dias pra relaxar. A missão lá é bem puxada e o ideal é que
ele relaxe muito antes de chegar lá. Isso também vai ajudar você a ficar mais
tranquila. Então, briguinhas, se podem, devem ser evitadas. Tente contornar
tudo, afinal, somos o sexo forte. Fragilidade é coisa pra criança.
- Por
falar em criança, se você tem filhos, prepare-os para essa separação momentânea.
O ideal é a ajuda de um psicólogo porque cada caso é um caso. Conheço um caso
de sucesso que ao invés de ficar plantando a semente da separação na cabeça da
criança, a mãe simplesmente não falou nada. No dia da viagem, a mãe disse que o
papai iria trabalhar e que voltava logo. E a criança, sem traumas, aceitou a
partida do pai. Claro que a criança em questão tem apenas dois anos e não
compreende muito esse lance de distância. E cada um sabe como lidar com isso
com seus filhos, mas o que acho importante ressaltar, é que como falei, somos o
sexo forte, mulherada. Temos que ter força pra agüentar a distância do marido,
agüentar a ausência do pai do seu filho, os momentos de tristeza das crianças,
tudo em cima do salto, ou seja, sem aumentar o sofrimento dos pequenos.
- Não se
desespere. O tempo está sempre a nosso lado. Buscar atividades ajuda a mandar
embora a tristeza. Aquela academia que você vinha com vontade de fazer e
faltava tempo, ou a dieta, ou mesmo o tempinho que faltava pra colocar o armário
em ordem, você já tem. Aproveite! Torne seu tempo útil.
Bom, são
essas algumas dicas de quem está vivendo esse momento de marido no exterior.
Nas próximas semanas a gente retoma o assunto, com outro ponto de vista, ok?
Então até
lá!
8 comentários:
Aii menina, q agunia née! to na mesma situação que vc.. valeu por partilhar a sua experiencia
é não é fácil, né Isabela!! Mas, a gente tem que encarar... Você não quer contar pra gente a sua experiência também?
escreve pra gente... transferenciavivodemudanca@gmail.com
beijão e boa sorte pra vc!
oi gente eu to no mesmo barco que vcs só que o meu já e a segunda vez que vai , e dessa vez vai ficar 11 meses confesso que ta sendo bem mais difícil dessa vez , temos três filhos e pra eles tbm ta dureza mas eu to procurando sair com eles e me ocupar !! bjbj tudo de bom pra vcs
Oi, minha gente ! Estou começando a vivenciar isso, pois meu esposo foi confirmado para participar de um contingente que sairá de um quartel no Sudeste. Até agora as notícias são um pouco vagas, porém, um pessoal de Brasília e de MG, já entrou em contato e, pelo visto, creio que ele viajará possivelmente no mês de dezembro. Por enquanto, vou lendo os posts aqui. Mas a minha ficha está caindo aos poucos. Acho que , qnd ele começar a viajar p/ os treinamentos, é que ela cai de vez ! bjooos e td de bom para vcs !
Muito importante teu Blog. Meu marido já está morando em Natal (o contingente que vai é de lá) e parte em novembro para o Haiti.
Obrigada por compartilhar.
Meu namorado vai em outubro pro Haiti e só volta em agosto do ano que vem. Ele é do contingente que sai de Natal também. Já estou sofrendo por antecipação, mas seja feita a vontade de Deus na vida dos nossos companheiros militares!
Olá!!!mto legal esse desabafo em conjunto. Estamos em cuiabá e meu marido está para ir em maio do ano que vem....A ficha vai caindo devagar msm....mas Deus está no comando!!!bjoss
Me emocionei só em ler o post... isso é uma coisa a ser muito conversada entre o casal. Mas devemos sempre pensar nas pessoas que eles ajudarão, creio que é o que sustenta qualquer saudade ou medo. E como dito em vários comentários acima, ter fé em Deus, que ele está no comando. Bjão pessoal
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